Relato do Treinamento ao ar livre realizado pela OutBox no dia 24 de novembro de 2011, com 10 executivos da multinacional BAT – British American Tobacco, na Lagoa da Conceição, Florianópolis – SC. O treinamento foi realizado todo na língua inglesa.
24 de novembro de 2011 às 9h, todos chegam ao local de encontro para as atividades do dia. Não têm a menor ideia do que vai acontecer. Mas tratava-se de um grupo de executivos de inovação que contrataram uma experiência ao ar livre para “lidar com o novo em equipe”. Para tal, foi proposto algo desconhecido para eles, uma jornada a bordo de canoas havaianas. Embarcações com mais de 3000 anos de história. Existem diversas peculiaridades numa canoa havaiana e o objetivo era que o grupo as descobrissem, em equipe e ao fim ainda buscassem performance.
Como de costume, na chegada, foram dadas as boas vindas ao grupo (um tanto quanto apreensivo). Também como de costume, foram passadas as informações básicas sobre a atividade (instruções básicas, objetivos e aspectos relativos à segurança). Ficou claro o foco no objetivo, mas as instruções e a segurança ficaram “para depois”.
O grupo rapidamente se organizou para que fossemos até a primeira etapa do dia, a Pedra do Navio. O objetivo até a primeira parada era o de passar uma noção de come seria o dia a bordo de uma canoa havaiana. O grupo seguiu em duas canoas, com quatro facilitadores, escoltados por uma canoa canadense (duas pessoas) com bebidas e alimentos e por um caiaque de segurança, pois no grupo havia um participante que não sabia nadar.
Na Pedra do Navio o grupo teve a dimensão do que deveria ser feito ao longo do dia. Uma remada de 12km ao objetivo e retorno de mais 12km ao ponto de partida. Alguns sentiram a responsabilidade. Mas se tratava de um grupo forte que rapidamente, não de forma organizada, se ajustou ao desafio. A partir daquele ponto, toda a rota deveria ser tratada pelo grupo. Definiram o próximo destino.
O destino seguinte foi definido a partir de uma linha reta. Não sabiam que para atingir aquele ponto deveriam passar uma região muito rasa, de remada extremamente difícil e pesada, ainda com vento. Mais uma lição, nem sempre uma reta é a melhor (não menor) distância entre dois pontos. As canoas seguiram distantes uma da outra. Foi esquecido que eram um grupo só. Como estavam em uma região não muito distante da praia e os aspectos de segurança não foram absorvidos, as canoas foram intencionalmente viradas pelos facilitadores a fim de criar uma situação de conflito no grupo, agravada por uma segunda virada de uma das canoas. Vários membros ficaram irritados com a adversidade. O grupo se dividiu. Na parada para a discussão sobre o que aconteceu e quais seriam os próximos passos, a divisão era clara. Não havia união. Neste momento surgiu a seguinte frase, dita por um dos participantes: “Estamos agindo do mesmo jeito que agimos no dia a dia. Estamos trabalhando em pequenos grupos (não em uma equipe) e, em turbulência, abandonamos o que foi planejado”.
Momento de comemoração entre os facilitadores. Conseguimos criar uma situação OUTDOOR onde seus comportamentos foram repetidos. Agora era hora de começar a facilitar o aprendizado que viria pela frente!
O grupo naquele momento (segunda parada) não acreditava ser possível chegar ao objetivo. Eles olhavam para o mapa e finalmente entenderam a dificuldade da atividade. Mas, novamente, tratava-se de um grupo guerreiro, motivado, que aceita bem desafios e que não se deixa abater! Neste momento outro membro disse: Que tal avançarmos um pouco? Não sei se chegaremos ao objetivo, mas vamos em frente e avaliamos novamente mais tarde! Sábias palavras…
A partir da segunda parada, o grupo já percebeu como extrair mais das canoas. Algumas pequenas dicas foram passadas (alinhamento de objetivos, sincronia, comunicação e motivação). O grupo entendeu a importância destas competências, que vieram sob a forma de dicas. O resultado melhorou muito. Tanto que na parada seguinte (terceira) todos já acreditavam ser possível atingir o objetivo. E que foi rapidamente alcançado (cerca de uma hora mais tarde).
Já no objetivo, momento de comemoração! Todos celebraram! E realmente tinham motivos.
Mas havia outra surpresa, o grupo deveria preparar a refeição. Sempre ao ar livre a refeição é uma atividade muito importante. De onde muita coisa pode ser extraída. Questões como gestão de recursos, planejamento, gestão de riscos (contaminação e adequação da refeição à atividade), trabalho em equipe, inovação, entre outras, são facilmente trabalhadas na “preparação de um almoço”. Como o momento era de celebração, o grupo acabou tratando a refeição como uma grande festa… Muita coisa poderia ser melhorada, principalmente em relação ao planejamento e à gestão de recursos. Não foi escolhido um lugar adequado e houve muito desperdício. Muitos comeram muito. E sentiram isso mais tarde.
De volta às canoas, o grupo repetiu a formação anterior. Acabaram optando pela região de conforto. “Em time que está ganhando não se mexe!”. Talvez uma frase inadequada para um grupo de inovação. A oportunidade dos membros experimentarem outras posições na canoa foi perdida. Mas foi uma decisão do grupo. Que também teve aspectos positivos!
A volta foi fantástica em termos de performance. Remamos os 12km da volta em menos de 2 horas (1h52m). Algo impossível de ser imaginado no início. Bom ritmo, boa sincronia e muita raça! Mas como tudo que é bom também tem seu lado ruim, aqui também apareceu algo importante. Houve competição entre as canoas para ver quem “chegava primeiro”. E a maioria adorou essa competição. Inadequada para um time. As pessoas de um time não devem competir entre si. Mas apareceu essa competição. Luz amarela, algo para ter atenção… Alguns membros do grupo perceberam, o que indica que há noção clara de que um time existe, mas deve ser incorporada por todos.
Finalmente, já cumprida a atividade, pôde-se perceber o quanto fortes são os membros do grupo. Realmente encararam o desafio, trabalharam corpos, mentes e mantiveram a energia em alta. Sem dúvidas é um grupo do qual muito se pode extrair, sempre, pois é muito dedicado. Cabe apenas explorá-lo. E o “ar livre” se demonstrou uma excelente forma de se fazer isso. Trabalhar em grupo sob desafio, sobre o novo. Até a próxima!
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