O líder espiritual exilado do Tibete sabe a importância da colaboração, desempenho e produtividade. Aqui resumimos princípios chave da gestão a partir de seus ensinamentos.
Dalai Lama, um monge budista, que não costuma falar sobre negócios de forma explícita, preferindo se concentrar em ensinamentos sobre compaixão e paz, soava muito como um CEO preparando para passar seu comando. De fato, a liderança eficaz é um tema subjacente a seus ensinamentos prolíficos, sobre os quais ele também envia tweets regularmente.
O consultor sobre gestão internacional Laurens van den Muyzenberg identificou essa corrente subjacente de liderança empresarial na década de 1990, depois que foi contratado para assessorar Dalai Lama. Percebendo o grande potencial de combinar as respectivas expertises, van den Muyzenberg e o Dalai Lama são co-autores de “The Leader’s Way”, aplicando o budismo às práticas comerciais.
“A maioria dos meus clientes enfrentam difíceis problemas éticos”, diz van den Muyzenberg, que é consultor de líderes. “É difícil encontrar alguém com o tipo de prestígio ético que Dalai Lama tem.” Selecionamos os princípios de liderança a partir dos ensinamentos do Dalai Lama e do livro “The Leader’s Way”.
Desenvolver a visão
A primeira parte da mensagem de duas partes do livro “The Leader’s Way” é esta: para liderar, é preciso compreender as razões de nossas ações. Como Dalai Lama diz: “A natureza de nossa motivação determina o caráter do nosso trabalho.” Nos negócios, isso significa pensar criticamente sobre as implicações de qualquer grande objetivo, bem como o propósito por trás de procedimentos diários. Significa também permanecer consciente não só de seus próprios interesses mas dos interesses de todos aqueles que você lidera. Sessões de brainstorm com a participação de toda a empresa e colaborações entre os departamentos são duas maneiras para garantir que todos entendem e concordam com a direção para a qual você está levando a empresa.
Estabelecer a conduta correta
Criar princípios de negócios amplamente aceitos, no entanto, não é suficiente. “Eu vejo muitas empresas com fortes princípios que falham ao aplicá-los”, diz van den Muyzenberg. A fim de garantir que suas melhores intenções sejam consistentemente aplicadas às práticas de sua empresa, desenvolva um sistema de relatórios e avaliações regulares sobre os progressos.
Treinar a mente
Dalai Lama descreve a mente não treinada como um macaco pulando de árvore em árvore, agitado, e incapaz de se concentrar. Budistas regulam esta atividade cerebral através do treinamento de suas mentes, ou meditando. E embora poucos CEOs comecem suas manhãs em um Centro Zen, o Dalai Lama afirma que uma mente pacífica, bem treinada é importante para aumentar a qualidade do pensamento e diminuir os impulsos irracionais. “O líder tem que reconhecer quando as emoções negativas como frustração, impaciência, raiva, falta de auto-confiança, inveja, ganância começam a influenciar seus processos de pensamento”, escreve o Dalai Lama e van den Muyzenberg no “The Leader’s Way”. “Estes pensamentos e emoções negativas, não só podem levar a decisões erradas, como também ao desperdício de energia mental.” Técnicas de meditação simples, como respirações profundas, relaxamento muscular, controle emocional podem ajudar até mesmo os líderes mais ocupados a se manterem tranquilos em todos os momentos.
Focar na felicidade
O quê em sua empresa te faz feliz? O quê te faz infeliz? Formulando essas duas perguntas simples, um gerente pode descobrir a melhor forma de motivar seus empregados, persuadir seus clientes, e apoiar seus acionistas. De acordo com o Dalai Lama, a felicidade é a forma universal mais elevada de motivação. “Nós tendemos a esquecer que apesar de haverem diferenças superficiais entre nós, as pessoas são iguais com relação a seus desejos básicos de paz e felicidade”, ele disse pelo Twitter em novembro. A felicidade dos empregados, clientes e acionistas deve ter prioridade sobre o resultado. Mas, isto não significa sacrificar os lucros. “Alguns pensam que felicidade é uma compensação por ganhar dinheiro, mas não é”, diz van den Muyzenberg. “Uma empresa feliz é uma empresa de sucesso. Você investe mais quando você se preocupa sobre a fonte do sucesso.”
Tornar-se interconectado
Budistas acreditam na ideia da interconectividade – as pessoas só existem realmente na relação com outras pessoas. A partir de uma perspectiva budista, o negócio é uma rede para essas conexões, um organismo enorme espiritual que funciona somente quando todas estas conexões são reconhecidas. “O líder interconectado vê a si mesmo como o gerador de impulsos em um sistema interligado para realizar o propósito da organização”, escreve o Dalai Lama e van den Muyzenberg, no livro “The Leader’s Way”. Quando um impulso – qualquer coisa, desde uma conversa até uma apresentação para uma política – alcança um outro indivíduo, ele aciona uma ideia e desencadeia uma reação para produtividade criativa. É tarefa do líder gerenciar e revigorar os impulsos entre os colegas. Mas, a interconexão não é apenas com as relações dentro de uma empresa, mas também as relações com os clientes, a comunidade financeira, e até mesmo concorrentes.
Permanecer positivo
Não é nenhum segredo que a gestão de uma empresa é difícil. É fácil que um pequeno empresário ou empreendedor se preocupe com o que poderia dar errado e se preparar para o pior. Mas, em vez disso, o Dalai Lama incentiva uma abordagem mais otimista para os negócios. “Aprecie quão rara e cheia de potencial é a sua situação neste mundo, então alegre-se com ela e use-a para o seu melhor proveito”, ele twittou no mês passado. Todo problema tem uma solução, e ter a atitude certa desde o início pode ajudá-lo a encontrá-la.
E quando as coisas estiverem difíceis, inspire-se no exemplo do Dalai Lama. Van den Muyzenberg recorda: “O Dalai Lama me disse uma vez: ‘Você poderia pensar que eu não deveria ser feliz porque eu perdi meu país, eu perdi tudo. Mas eu sou uma pessoa muito feliz.”
Texto original http://www.inc.com/leadership-lessons-from-the-dalai-lama.html
Leave a Comment